Human Chalice, banda portuense formada em 2007, marcam sonoridades reggae em Portugal através de letras exclusicamente em português, exploram cenários como o new roots, ragga e dancehall, bem como os ritmos quente da bossa nova, a melodia do soul e o groove do funk
Primeiramente, gostaríamos que nos resumissem a história da formação dos Human Chalice.
A história dos Human Chalice, resume-se ao verão de 2007. O gosto pela música, e em especial pelo reggae, juntou alguns dos membros deste projecto num Tributo a Bob Marley. Através deste, que percorreu o país de norte a sul, do seu feedback positivo por parte do público, surgiu a ideia de fazer algo de raiz, ao que mais tarde se veio a chamar de Human Chalice.
Na vossa opinião, qual é a situação actual do reggae e suas vertentes em Portugal e no Porto?
O reggae em Portugal, está em total crescimento. O maior festival de verão português, o Sudoeste, já tem um palco exclusivo dedicado ao reggae, o que é óptimo. No Porto, julgamos que neste momento a cultura reggae, está um pouco parada, aliada também à falta de salas de espectáculos para receber concertos, e à própria crise, que também “ataca” os promotores de espectáculos reggae.
As vertentes deste, neste momento são variadas. Para além do roots reggae, do ska e do rocksteady, assistimos a um enorme crescimento do dancehall, do ragga e do new roots, principalmente junto das “camadas jovens”.
Na vossa opinião, o que há a fazer para difusão das mesmas?
O reggae difunde-se por mérito próprio e dá-se a conhecer se tiver qualidade. O facto de ser ainda um tipo de música marginalizado, tem a ver com estereótipos criados que passam uma ideia errada daquilo que é o reggae. Achamos que a música em geral, ultrapassa as barreiras que são criadas se for feita com coração, com alma. Neste sentido o que se pode fazer para a difusão do reggae é fazer música com qualidade, que é o que as pessoas procuram quando ouvem a rádio, vão à net ou compram cd’s.
Que importância tem, para vocês, escrever as letras em português.
Primeiramente, apoiamos o movimento que tem surgido e que dá o valor que a língua portuguesa merece. Descobre-se hoje em dia que aquela história de que o inglês tem mais sonoridade é uma farsa. O português é uma língua interessantíssima e quando se adquire o hábito de usá-la, percebe-se como fazer a sonoridade funcionar. Depois, como nós temos um interesse muito grande em passar uma mensagem ao público, fica evidente a necessidade de fazê-lo em português, para que não haja dúvidas devido a traduções mal feitas.
Qual a mensagem que pretendem transmitir com a música?
É difícil definir uma mensagem só. Assim como existem várias maneiras de se encarar a realidade, também há várias mensagens que se podem transmitir. A beleza da música, é que ela permite-nos alcançar o público e fazê-lo pensar. Não impor uma posição, mas sim fazer com que o público pense por si e reflicta sobre a sua realidade. Se for para citar uma mensagem importante, deve ser a de que podemos fazer tudo aquilo que quisermos a partir do momento que definimos as nossas metas e sabemos que é aquilo que queremos. A partir daí, quem pode nos parar?
Qual a importância da música, mais precisamente, o reggae, nas vossas vidas?
Basicamente, adoramos a música, e adoramos o reggae, logo estão completamente interligados. É a nossa maneira de viver a vida, e transmitir aquilo que pretendemos!
Quais são as vossas principais influências musicais?
Há nomes obrigatórios para quem toca reggae como Bob Marley, Peter Tosh, Black Uhuru, Steel Pulse, etc. Fora isso, cada um traz um pouco de si para a banda que acaba por resultar naquilo que somos hoje em dia. Ouvimos vários ritmos como o funk, o rock, o soul, o hiphop.
Entrevista realizada por Débora Frescata e Elisabete Sousa